sexta-feira, 2 de maio de 2008

Pablo Neruda

"Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve musica,
Quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor,
Ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere o negro sobre o branco,
E os pontos sobre os iss em detrimento de um redemoinho de emoções,
Justamente as que resgatam o brilho nos olhos,
Sorrisos dos bocejos,
Corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
Quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva que cai incessante.

Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
Não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não respondem quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido defelicidade."

Pablo Neruda

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