quinta-feira, 13 de março de 2008

An old man’s thought of School

An old man’s thought of School;
An old man, gathering youthful memories and blooms, that youth itself cannot.

Now only do I know you!
O fair auroral skies! O morning dew upon the grass!

And these I see—these sparkling eyes,
These stores of mystic meaning—these young lives,
Building, equipping, like a fleet of ships—immortal ships!
Soon to sail out over the measureless seas,
On the Soul’s voyage.

Only a lot of boys and girls?
Only the tiresome spelling, writing, ciphering classes?
Only a Public School?

Ah more—infinitely more;
(As George Fox rais’d his warning cry, “Is it this pile of brick and
mortar—these dead floors, windows, rails—you call the church?
Why this is not the church at all—the Church is living, ever living Souls.”)

And you, America,
Cast you the real reckoning for your present?
The lights and shadows of your future—good or evil?
To girlhood, boyhood look—the Teacher and the School.


(Walt Whitman)

Silêncios Gritantes


"Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a vedação – havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza."Edvard Munch (1863-1944)




No silêncio dos olhos


Em que língua se diz, em que nação,


Em que outra humanidade se aprendeu


A palavra que ordene a confusão


Que neste remoinho se teceu?


Que murmúrio de vento, que dourados


Cantos de ave pousada em altos ramos


Dirão, em som, as coisas que, calados,


No silêncio dos olhos confessamos?



José Saramago

Os Poemas Possíveis

Lisboa, Caminho, 1999



segunda-feira, 10 de março de 2008

Lisbon Revisited (1923)




Não: não quero nada. Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) –
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-a!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo, sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço.
Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!
Ó céu azul – o mesmo da minha infância –,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo…
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!


Álvaro de Campos